Experiência Espiritual | Ap. José Pedro

16 de maio de 2019

Texto base: Atos 9. 1- 19

Entendo que a experiência espiritual seja uma das maiores necessidades da Igreja do Senhor, nos últimos tempos. Genuinamente, a igreja necessita de experiências espirituais com Jesus e, por meio delas, transpor a iniquidade que tem se multiplicado no mundo pós-moderno. (Mt. 24:12)

Temos visto um povo, que até frequenta regularmente os cultos, participa como membro em igrejas, porém tem se acostumado com manifestações rasas no Espírito.

Um povo que conhece a liturgia dos cultos, identifica os modelos ministeriais e passa a medir o que de fato quer ou não quer que componha o planejamento de sua vida espiritual, como se o evangelho fosse centralizado em responder e atender aos desejos do ser humano.

Percebemos, então, que este tem sido o ponto nefrálgico da igreja nos últimos dias:

Se tornar uma igreja que escolhe e dita o modelo de como Jesus deve se manifestar.

É nesse momento que cisternas rotas são cavadas, pois o homem tenta assumir o lugar de senhorio da sua vida, dirigindo a forma pela qual deseja ser guiado, deixando de lado a voz diretiva do Criador.

Ovelhas que querem ordenar aos pastores, no que diz respeito até mesmo ao seu discurso e forma de pensar.

O que foi citado acima é verdadeiro e reflete o grito de uma alma prostituta, alma esta que, a todo instante, anseia por deturpar os princípios e valores da Palavra de Deus em prol da autorrealização.

Mal sabe a alma humana que, na tentativa de sobrepujar a voz de Deus, totalmente contrária a voz da alma, estará buscando a sua própria perdição. Os pensamentos de Deus são diametralmente opostos aos pensamentos do homem.

Deus sempre está na contramarcha daquilo que pensamos ser o correto.
Então, a ausência de uma experiência espiritual genuína tem sido o grande problema  no seio da igreja.

Em contrapartida, temos percebido um avanço no crescimento de conteúdo qualitativo com base bíblica, surgimento de bons escritores, teólogos, romancistas, todavia nunca tivemos tanto conteúdo cristão de cunho extra bíblico como atualmente.

O cenário em que temos vivido retrata inúmeras frases de efeito, consideravelmente elaboradas, percorrendo as redes sociais e que, de fato, têm trazido alguns benefícios no campo do conhecimento, contudo, vemos também uma chaga aberta na igreja, ao que tange às experiências genuínas e sobrenaturais com Deus que possam, verdadeiramente, gerar resultado em vidas alcançadas para Cristo.
Em Atos 9. 1 – 19, vemos o encontro de Saulo com o Senhor Jesus, bem como o encontro de Ananias com Saulo. Conseguimos encontrar, neste texto, pelo menos cinco experiências sobrenaturais com Deus. Quando falamos de conteúdos extra bíblicos, é importante ressaltar que não somos contra esse percurso,
ao contrário, tudo isso é louvável, contudo percebemos que o agregar de conteúdos extra bíblicos não tem sido suficiente para proteger e advertir o povo a respeito do que o Apóstolo João destacou:

Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” ( I Jo 2.15)


Nunca vimos na história da Igreja, tanto amor pelo mundo. A cada dia, vemos cristãos relativizando a palavra de Deus, procurando em discursos teológicos forjados em conhecimento humano, respaldo para viver a podridão do pecado e, finalmente, levando consigo uma multidão que não deseja se libertar, de fato, da perdição eterna.

Vemos sermões impecáveis nas regras da Homilética, envoltos de conteúdo teológico, porém, a essência para arrancar o pecado da vida de pessoas não alcança um lugar chamado “temor de Deus” – isto é, um lugar que somente pode ser edificado no âmago do ser humano, em seu espírito. Sem a intervenção espiritual, fatalmente, estaremos caminhando com acervos de bíblias e livros teológicos para o inferno.

 

Infelizmente, o que temos visto, nos dias atuais, é uma igreja que flerta com o mundo, negociando entre andar no pecado e viver em um pequeno “espaço no céu” e, consequentemente, não desfrutando da eterna comunhão com Deus. Esse discurso é duro, no entanto, como a própria Palavra de Deus nos diz:

“Melhor é a ferida do amigo leal do que o galanteio do falso.” Provérbios 27:5


São modismo que têm lutado contra o propósito principal da Igreja: ser a noiva pura, santa e imaculada de Cristo.
A força disciplinar do altar há muito tempo se esvaiu em muitas igrejas. As pregações nos púlpitos estão cercadas pelos discursos do humanismo e de autoajuda, nos apresentando aquilo que nossa alma deseja. Em outras palavras, sermões que inflam o “ego humano”. Discursos alicerçados em versículos fora de contexto, pseudoverdades que não trazem mudanças. Outro fator preocupante é que, os adeptos deste evangelho falseado, boicotam e criticam aqueles que tem se esmerado em pregar a Palavra de Deus, com fidelidade.

Infelizmente, temos visto muitos pastores e ministros que, à semelhança de Saulo, se tornaram perseguidores do verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo.
Em contrapartida, ao voltarmos nossos olhos para a Igreja Primitiva, vemos homens cheios de amor, mas que, também, eram repletos de doutrina e zelo pela palavra de Deus. Homens amorosos como Barnabé e diligentes na palavra como Pedro (Atos 5) e Paulo (I Co 5).

Contrapondo-se a esse evangelho falseado, a nossa bússola sempre foi e sempre será a Bíblia. Basta observarmos os homens e mulheres de Deus, citados na Palavra, para percebermos que aquilo que realmente tem faltado na Igreja brasileira são experiências espirituais, permeadas de intervenções divinas.

João exortou a Igreja a não amar o modelo mundano e suas propostas: prostituição, fofocas, maledicências, as obras da carne, de modo geral, exemplos de condutas mundanas que, na maioria das vezes, têm se manifestado e fragilizado a Igreja do Senhor.
Ora, o Senhor é quem sonda o nosso coração:

“Eu, o Senhor, esquadrinho a mente, eu provo o coração; e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.”
(Jeremias 17:10)


Não há outro caminho para vivermos uma vida segura e tranquila, se não aos pés da cruz, negando-se a si mesmo, morrendo para si, para finalmente herdar o Reino dos céus.

A nossa oração deve ser centrada em pedir o temor do Senhor, uma intervenção sobrenatural, a ponto de não queremos nos apartar da sua presença.

Não podemos nos acostumar com a unção, com experiências e palavras.
Não precisamos de modelos evangélicos, nós precisamos, verdadeiramente, encontrar os olhos de Jesus, como ocorreu com Pedro, ao negar Jesus pela terceira vez (Lucas 22:61), fazendo-o chorar amargamente.

Depois desse encontro marcante, Pedro permanece com os 120 irmãos (At. 2) e é tomado com ousadia, agora com uma nova identidade: Pedro, o pastor da Igreja primitiva.
Intervenções divinas dessa magnitude revelam as nossas próprias mazelas e erros e nos fazem “cair em si”, até sermos lavados pela graça e misericórdia dos olhos de Jesus.

A partir desse ato, como escamas que caem dos nossos olhos, o amor pelo mundo se esvai, pois percebemos, enfim, que a terra não é o nosso lar.

Sem esta intervenção divina, bem como, as lágrimas e as dores de parto que formam Cristo em nós, não haverá transformação de vida.
Precisamos, urgentemente, de uma intervenção divina que nos faça morrer para nós mesmos e viver para Cristo, a ponto que nossa voz egocêntrica se cale, diante da voz do Espírito Santo.

 

No Amor de Cristo,

Ap. José Pedro